Solução inovadora desenvolvida pela Stex aproveita os resíduos florestais e agrícolas e os resíduos sólidos urbanos para produzir bioetanol, que tem de ser incorporado nos combustíveis do sector dos transportes para responder a diretiva europeia “Renewable Energy – Recast to 2030 (RED II)”.
Start-up pretende construir em Portugal, nos próximos dois anos, a primeira biorrefinaria da Península Ibérica
A Stex, criada em 2019 depois de quatro anos de investigação científica no Brasil, desenvolve tecnologias verdes para a produção de biocombustíveis líquidos, pré-bióticos e proteínas a partir de biomassas residuais ou resíduos em escala industrial, e foi hoje distinguida com o prémio Born from Knowledge (BfK) Awards, atribuído pela Agência Nacional de Inovação (ANI), no âmbito da 7ª Edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola. O administrador, Lucas Coelho, destaca que a start-up opera uma planta piloto dentro das instalações da Unidade de Bioenergia e Biorrefinarias do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) coordenado pelo Dr. Francisco Gírio e pretende lançar no espaço de dois anos a primeira biorrefinaria da Península Ibérica.
Em 2018, a União Europeia aprovou a RED II, que obrigará o setor dos transportes a incorporar, no mínimo, 3,5% de biocombustíveis que provenham de resíduos até 2030.
A questão é que não há produtores deste tipo de biocombustíveis em Portugal e, na Europa, a produção é incipiente.
Neste contexto nasce a Stex, que desenvolveu um processo inovador, o qual, ao contrário do que acontece nas soluções maioritariamente adotadas, não parte de açúcares (Brasil) ou hidratos de carbono (Europa e EUA). Estas alternativas, além de não serem as mais sustentáveis, ainda competem com a produção de alimentos, o que aumenta os seus preços.
A solução da Stex assenta numa unidade industrial, a biorrefinaria, para transformar resíduos florestais, agrícolas ou lixo urbano em bioetanol. Trata-se de um biocombustível avançado, uma vez que é feito a partir de matéria celulósica residual e não compete com a produção de alimentos.
Os clientes da Stex são os distribuidores de combustíveis, que, no âmbito da RED II, têm de incorporar nos seus produtos pelo menos 0,2% bioetanol já em 2022, 1% em 2025 e 3,5% em 2030. O objetivo é que, até 2030, o consumo de fontes de energia renováveis pela União Europeia seja de 32%. Com a procura por este tipo de biocombustível a aumentar nos próximos anos, a Stex revela que, só na Europa, o potencial de mercado pode chegar a 15 mil milhões de euros.
Incorporação de bioetanol baixa emissões de CO2 até 95%
A previsão de faturação da Stex para 2020 é de meio milhão de euros, fruto de desenvolvimentos com empresas portuguesas, mas, com o arranque da primeira biorrefinaria e a venda do biocombustível avançado, o volume de negócios poderá ascender a seis milhões de euros.
Após quatro anos a desenvolver a tecnologia no Brasil, os fundadores decidiram mudarse para a Europa, onde existe legislação madura para a transição energética e para uma sociedade neutra em carbono até 2050. Em 2019, abriram a Stex, uma empresa 100% portuguesa, e instalaram no campus do Lumiar do LNEG, em Lisboa, a Unidade Piloto que mantinham do outro lado do Atlântico. A unidade está em operação, numa escala de 1:15 a 1:20 da biorrefinaria comercial, sendo uma das maiores da União Europeia e, de longe, a maior da Península Ibérica.
A Stex validou o processo para resíduos florestais (de Portugal), bagaço de azeitona e podas de oliveiras e resíduos sólidos urbanos (RSU) através de uma parceria com o LNEG, o que lhe tem permitido reforçar a sua credibilidade, dada a importância do LNEG no ecossistema de I&D&I. E neste momento está em busca de parceiros para implementar as biorrefinarias em Portugal e na Europa.
Nos próximos dois anos, o objetivo é construir em Portugal a primeira biorrefinaria da Península Ibérica, e, em 10 anos, 10 no território ibérico. O restante mercado europeu também está nos seus horizontes.
O processo desenvolvido pela Stex dá um destino sustentável aos resíduos florestais, agrícolas ou urbanos. Por outro lado, o projeto permite aos distribuidores de combustíveis contribuir para a descarbonização da sociedade ao utilizar um biocombustível de resíduos que pode reduzir até cerca de 95% as emissões de CO2 em comparação com os fósseis.
O Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola contou este ano com três categorias abertas a concurso público, alinhadas com as prioridades do Pacto Ecológico Europeu da Comissão Europeia: a categoria Sustentabilidade na Produção e Transformação, para premiar os projetos que permitam uma produção agrícola, agroalimentar e florestal mais sustentável; a categoria Economia Circular e Bioeconomia, para destacar os projetos que promovam uma otimização dos recursos biológicos; e a categoria Alimentação, Nutrição e Saúde, dedicada aos projetos que permitem uma alimentação segura, nutritiva e de elevada qualidade.
Desde 2017, a ANI já premiou 32 projetos e start-ups, nascidos da investigação académica, em concursos e prémios de inovação nacionais promovidos por entidades como Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, Crédito Agrícola, COTEC, BPI, Super Bock Group, Altice Labs, Serralves e Rock in Rio, através do programa Born from Knowledge (BfK).
Este programa é promovido pela ANI no âmbito do SIAC – Iniciativa de Transferência de Conhecimento, cofinanciada pelo COMPETE 2020, através do Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Chegam ao mercado as novas máquinas florestais de grande tamanho série H da John Deere
24 Abr 2024
Alterações na organização da CLAAS Ibérica: Novo diretor nacional de vendas entra em funções
24 Abr 2024
Kohler lança novo grupo eletrogéneo industrial da Série KD
24 Abr 2024
FUCHS adquire fabricante de lubrificantes especiais
23 Abr 2024