A John Deere confirma a importância da estratégia de digitalização nestes tempos de confinamento, numa conferência de imprensa celebrada de forma virtual na qual participou o portal comerciomaquinas.com. Neste encontro foi lançada uma mensagem de “otimismo responsável” tendo em conta, entre outros aspetos, que o sector primário demonstrou que é absolutamente essencial.
O encontro, conduzido por Alfonso Lorenzi, Gestor de Marketing da John Deere Ibérica, contou com a presença de Enrique Guillén, Diretor-Geral da John Deere Ibérica (Unidade Comercial), Mario de Miguel, Diretor-Geral da John Deere Ibérica (Fábrica), José Carlos Herráez, Gerente de Serviço e Formação, Ernesto Flaquer, Gerente-Geral de Vendas (John Deere Bank) e Javier Moreno-Cid, do Concessionário Agritrasa.
Um período de exceção com uma resposta global à altura
Na sua apresentação Enrique Guillén destacou o grande trabalho que se desenvolveu por parte de todos os integrantes da cadeia de valor agrícola. Também realçou que durante estes meses a John Deere trabalhou afincadamente para gerir a nova situação e garantir que os clientes John Deere pudessem continuar a trabalhar, recordando que desde 9 de Março a John Deere Ibérica iniciou as operações em teletrabalho, o que supôs um grande esforço por parte da empresa e dos próprios empregados. A experiência como multinacional com sedes na China, origem da pandemia, e em Itália, país onde a Covid-19 estava umas semanas adiantada relativamente a Espanha, permitiu-lhes uma rápida adaptação e colocar em marcha todos os serviços informáticos necessários, assim como todos os protocolos de segurança.
Posteriormente, logo que foi declarado o Estado de Alarme em Espanha, considerou-se que os concessionários, como parte do sector agrícola, poderiam manter as suas portas abertas, desde que respeitassem as estritas regras de segurança. Assim foi possível continuar a servir o cliente para que não parasse a sua atividade em nenhum momento.
O estreito trabalho com os concessionários John Deere
Enrique Guillén destacou o profissionalismo da sua rede de concessionários. Por isso contam com os recursos e o pessoal necessário para poder atender as necessidades dos seus clientes de forma segura para todos os intervenientes.
E, naturalmente, a digitalização como um elemento-chave para poder enfrentar, com todas as garantias, os desafios que se colocaram com a pandemia atual. Graças a Connected Support, o serviço da John Deere que permite a conexão entre o concessionário, o cliente e a máquina, os concessionários puderam manter o melhor serviço aos clientes de forma remota e, no caso de terem que deslocar-se, poder atender o cliente de forma rápida e eficiente. Sem dúvida um elemento diferenciador que volta a confirmar a John Deere como uma marca de referência no sector dos equipamentos agrícolas. Realçando os pontos anteriores, José Carlos Herráez, Gerente de Serviço e Formação, destacou que a John Deere está orgulhosa de que, entre Espanha em Portugal, existam 4.000 máquinas conectadas, o que permite um acompanhamento remoto totalmente eficiente, assim como um serviço diferenciado.
Neste sentido Enrique Guillén também assinalou a orientação tecnológica que está a ser uma das grandes apostas da empresa desde há muitos anos e, ainda mais, desde que John May está à frente da John Deere a nível global. A conectividade e a importância que demonstrou em momentos como o atual tornam-se vitais para garantir o trabalho diário dos agricultores no abastecimento de produtos essenciais.
Impacto da Covid-19 na política de I+D da John Deere
Questionados acerca do impacto da Covid-19 na política de I+D da empresa, os dirigentes da John Deere Ibérica assinalaram que a política da John Deere passa por continuar a apostar nesta área fundamental. Quanto ao aspeto económico, as vendas diminuíram 18% neste período e os lucros caíram 40%, mas o vigor financeiro da Deere & Company permite aceder a créditos a uma taxa de juro muito baixa para continuar com os seus planos estratégicos. Ainda assim nas palavras de Mario de Miguel essa aposta passará menos por "ferro" e mais por tecnologia.
Relativamente à possibilidade da sede comercial ser transferida para Getafe, Enrique Guillén comentou que o plano continua em marcha, mas que se irá atrasar alguns meses, de maneira que já não será durante 2020 mas sim ao longo de 2021.
A atuação na fábrica de Getafe
Mario de Miguel, Diretor-Geral da Fábrica de Getafe da John Deere explicou-nos como se trabalhou na fábrica durante este período. Colocando como principal prioridade a segurança dos empregados, a fábrica apenas parou 2 dias. Ao tratar-se de um centro que produz peças para o sector agrícola conseguiu manter o nível de produção. Em concreto no centro de Getafe fabricam-se caixas de velocidades, sobretudo para exportação. Também contam com um centro de desenvolvimento e homologação dos novos produtos fabricados. A eficiência do novo modelo de ceifeiras-debulhadoras X9 que se está a desenvolver nos Estados Unidos depende em grande medida desta fábrica espanhola.
Em geral, conforme assinalou, nenhuma fábrica John Deere europeia esteve parada mais de 2 semanas e, em muitos casos, devido à falta de equipamentos de fornecedores externos. A John Deere extremou as medidas de precaução até ao ponto dos trabalhadores se encontrarem mais seguros na fábrica que no supermercado, por exemplo.
Esta crise também serviu para demonstrar a resiliência da John Deere, capaz de se sobrepor e sair fortalecida de situações muito graves. A importância do trabalho em equipa, da liderança e de trabalhar para um sector como o agrícola também ajudam a continuar em frente, uma vez que se trata de um sector imprescindível, que não pode parar.
Mercado de maquinaria em Portugal e Espanha
A uma questão colocada pelo portal comerciomaquinas.com sobre o mercado de maquinaria na situação atual, Enrique Guillén assinalou que, tal como indica a ANSEMAT, não se podem fazer comparações com o ano anterior. Desta forma, ocorreu uma grande queda em março e abril em Espanha e uma quebra muito menor em Portugal, provavelmente devido à melhor gestão sanitária do Covid-19 no nosso país, onde o mercado se tem mostrado bastante mais estável. Já durante o mês de maio a quebra acabou por ser mais pequena, na casa dos 10%. Guillén realçou ainda que o mercado português depende mais de tratores de menor potência que têm um registo de vendas mais equilibrado ao longo dos tempos e calcula que no final do ano a quebra possa não ser superior a 2 ou 3%. Até pelo que os investimentos agrícolas não se perderam, simplesmente foram adiados.
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